Na planície avermelhada do sertão, uma família de retirantes atravessa a seca em busca de vida nova. Fabiano, sinha Vitória, o menino mais novo, o menino mais velho e a cachorra Baleia caminham dias inteiros, à procura de água, comida e pouso. No trajeto, encontram com figuras essenciais para compreender o contexto histórico e social da obra-prima de Graciliano Ramos, publicada pela primeira vez em 1938. Marco da segunda fase do modernismo, Vidas secas é o registro da identidade de um povo e um clássico incontornável da literatura brasileira.
Em texto de 1944 reproduzido na edição, o autor declarou: "Fiz o livrinho, sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. Nisso, pelo menos, ele deve ter alguma originalidade. Ausência de tabaréus bem falantes, queimadas, cheias, poentes vermelhos, namoro de caboclos. Minha gente, quase muda, vive preocupadas com o estômago, não têm tempo de abraçar-se".
A edição conta com estabelecimento de texto e posfácio de Ieda Lebensztayn, crítica literária e doutora em literatura brasileira pela Universidade de São Paulo (USP).
GRACILIANO RAMOS nasceu em 1892 em Quebrangulo, Alagoas. Primogênito de dezesseis filhos, viveu com a família em diferentes cidades do Nordeste brasileiro. Foi prefeito de Palmeira dos Índios (AL) entre 1928 e 1930. É o autor de grandes clássicos da literatura brasileira, como Caetés (1933), S. Bernardo (1934), Angústia (1936, ano em que foi preso por suposto envolvimento com a Intentona Comunista), Vidas secas (1938) e outros. Morreu em 1953, aos sessenta anos, no Rio de Janeiro.