Com tradução de Patrícia Couto e introdução da embaixadora Ana Gomes
Escrito em 1860, no auge da ocupação colonialista da Indonésia, então Índias Orientais Holandesas, pela Holanda, Max Havelaar, funcionário das Índias Orientais em Java, testemunha com horror a violência a que a administração colonial submete os povos nativos. A crueldade com que agricultores e comerciantes de café são tratados levam o idealista Havelaar a lutar contra a corrupção e imoralidade do sistema colonial.
Um livro verdadeiramente revolucionário, cunhado como "o livro que matou o colonialismo" e que provocou importantes reformas sociais na Companhia das Índias Holandesas e em Java e que inspira, ainda hoje, movimentos de comércio justo.
Multatuli, pseudónimo de Eduard Dowes Dekker, nasceu em Amsterdão a 2 de março de 1820. Em 1838, rumou às Índias Orientais Holandesas (atual Indonésia) e empregou-se ao Serviço Civil das Índias Orientais, carreira que seguiu nos vinte anos seguintes, desempenhando variadas funções em diferentes territórios sob a alçada do governo holandês. Dedicou-se à escrita, através da qual denunciava a exploração violenta a que os povosjavaneses estavam sujeitos pela administração colonial, e, em 1860, escreve M ax Havelaar Ou os Leilões de Café da Companhia Holandesa das Índias , um romance que expõe os abusos e injustiças do colonialismo sobre os povos locais, que o próprio testemunhou, e que chocou a sociedade holandesa da época. Morreu na Alemanha, em 1887, deixando uma vastíssima obra literária e um poderoso legado para o pensamento político que transformou a Europa nas décadas seguintes.