"Vidas Secas" transporta os leitores para um ambiente árido e desolado do Nordeste brasileiro, onde uma família de retirantes enfrenta as duras condições impostas pela seca. A trama segue a jornada dos membros da família composta por Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos, o mais velho chamado de Menino mais novo, e a cachorrinha Baleia. Cada personagem representa uma faceta da luta pela sobrevivência em meio à aridez da terra e da alma.
Graciliano Ramos constrói uma narrativa árida e concisa, espelhando a própria realidade cruel enfrentada pelos personagens. A seca é uma presença constante, não apenas na paisagem, mas também na vida de cada um. A fome, a sede e a busca por um lugar melhor são forças motrizes que conduzem a família de um lugar para outro, sem destino fixo.
A linguagem do autor é marcada pela simplicidade e pela objetividade, características que refletem a secura do ambiente retratado. A ausência de floreios literários contribui para a contundência do retrato social apresentado. O uso do discurso indireto livre aproxima o leitor das perspectivas e das angústias dos personagens, mergulhando-o na dura realidade que enfrentam.
A figura de Baleia, a cachorrinha da família, desempenha um papel simbólico fundamental. Ela é mais do que um simples animal de estimação; é um elo emocional que conecta a família ao seu único senso de pertencimento. A lealdade de Baleia destaca-se como um contraste emocional à crueldade do meio ambiente.
Graciliano Ramos, (Quebrangulo, 27 de outubro de 1892 – Rio de Janeiro, 20 de março de 1953) foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro, considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira. Ele é mais conhecido por sua obra Vidas Secas (1938).