Se não se deseja mais ser feliz, agora há escolha: viver nos confins da cidade, entre mortos-bancários, drogados, obesos, malucos. "Com a Clair-Monde, a felicidade não é mais uma utopia."
Nessa sátira a uma sociedade utópica baseada na premissa da felicidade obrigatória, em uma atmosfera de policial noir, a autora faz referências a pesos-pesados da ficção científica, como Philip K. Dick, autor de Do Androids Dream of Electric Sheep?, o livro que inspirou o filme Blade Runner. Cidade da penumbra é um retrato muito bem-acabado do consumismo e do endividamento bancário, do uso indiscriminado de remédios e drogas e da ditadura da felicidade a qualquer preço. Ao lidar com esses temas que já assombram o presente, Lolita Pille cria polêmica e aborda o totalitarismo, o racismo, a desinformação, a vigilância big brother, as cibertecnologias e assim, mais uma vez, desafia convenções.
Lolita Pille nasceu em 1982, em Sèvres, na França. Filha de um arquiteto e de uma contadora, estudou no prestigiado Colégio La Fontaine e viveu no mundo abastado e decadente descrito no livro de estreia. A autora escreveu Hell aos 18 anos "num instante de rebeldia" (segundo ela), num esforço de desmascarar a futilidade da geração e da classe social a que pertence. O tom de escracho e denúncia do livro desagradou a inúmeros amigos, que se sentiram devassados por Lolita Pille e a baniram do convívio social. Ela se mudou da luxuosa casa dos pais para um apartamento no bairro do Marais, desistiu das noitadas e deu continuidade à bem-sucedida carreira literária, lançando Bubble gum e Cidade da penumbra (publicados pela Intrínseca). Além disso, escreve crônicas na revista Femmes.