Manon leva uma vida monótona como garçonete do bar do pai. Detesta a cama estreita, a casa velha, a cidadela medíocre. Observa o mundo de uma janela tão microscópica quanto a sua perspectiva de vida. Um dia, fixada na promessa de uma carreira de modelo em Paris, deixa para trás o pai rústico e a rotina provinciana. Na capital da moda, quem vai se encarregar da realização da fantasia é Derek, herdeiro de um império petrolífero, viciado em drogas, álcool e sexo.
Entre insônias e questionamentos sobre a própria sanidade, ele a transforma em modelo-atriz célebre, numa manobra que dissimula intenções perversas. Dribla o tédio com a manipulação da inocência alheia. Manon participa do jogo sem noção de limite, forçando os extremos do corpo com dietas e antidepressivos. Ela quer se enquadrar na imagem ideal da mídia, enquanto Derek a conduz ao lado B da fama, corrompendo-a e a degradando.
Um dia, tudo se esvai misteriosamente. Ela se vê de novo só e sem dinheiro, perdida entre realidade e ficção. Com sua visão ultra-realista e uma narrativa muito bem-acabada, Lolita Pille dá uma reviravolta no destino dos personagens, deslocando a fronteira entre o real e o imaginário e mostrando que os papéis de vítima e vilão podem se inverter, indo muito além dos rótulos.
Lolita Pille nasceu em 1982, em Sèvres, na França. Filha de um arquiteto e de uma contadora, estudou no prestigiado Colégio La Fontaine e viveu no mundo abastado e decadente descrito no livro de estreia. A autora escreveu Hell aos 18 anos "num instante de rebeldia" (segundo ela), num esforço de desmascarar a futilidade da geração e da classe social a que pertence. O tom de escracho e denúncia do livro desagradou a inúmeros amigos, que se sentiram devassados por Lolita Pille e a baniram do convívio social. Ela se mudou da luxuosa casa dos pais para um apartamento no bairro do Marais, desistiu das noitadas e deu continuidade à bem-sucedida carreira literária, lançando Bubble gum e Cidade da penumbra (publicados pela Intrínseca). Além disso, escreve crônicas na revista Femmes.